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Arq. ciências saúde UNIPAR ; 27(10): 5603-5623, 2023.
Artigo em Português | LILACS-Express | LILACS | ID: biblio-1512695

RESUMO

Introdução: O uso contínuo da terapia antirretroviral é eficiente para interromper a replicação viral causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana impedindo o comprometimento do sistema imunológico e o aparecimento das infecções oportunistas. Estima-se que em 2021, 10,2 milhões de pessoas infectadas pelo HIV não se beneficiaram com o uso dos antirretrovirais em todo o mundo. No mesmo ano esse indicador atingiu 333 mil pessoas, e na esfera municipal de Londrina, 288 pessoas vivendo com HIV encontravam-se em abandono do tratamento. Objetivo: Apreender as representações sociais de pessoas vivendo com HIV acerca do abandono do tratamento e a motivação para a retomada. Percurso metodológico: Trata-se de um estudo qualitativo pautado na Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici. O cenário foi um Serviço de Atendimento Especializado em HIV/aids localizado na região Sul do Brasil. A população foi composta por 288 pessoas diagnosticadas com HIV em abandono do tratamento por período superior a 100 dias. Destas, 250 foram excluídas em função de critérios relacionados a informações cadastrais incompletas ou equivocadas, e aspectos impeditivos do comparecimento ao serviço e de contato. Outras 18 pessoas foram consideradas perdas por desistência. A amostra foi composta por 20 pessoas que se enquadraram aos critérios de elegibilidade e aceitaram participar do estudo. A coleta das informações ocorreu entre junho de 2021 e junho de 2022 em entrevistas semiestruturadas audiogravadas e transcritas na íntegra. Para análise das falas foi utilizado o discurso do sujeito coletivo. Resultados: Participaram do estudo 20 pessoas vivendo com HIV, sendo 12 homens e oito mulheres, com idade entre 27 e 55 anos. O tempo de abandono variou entre 210 e 1580 dias. A análise das entrevistas permitiu a emersão de 18 ideias centrais e duas ancoragens, as quais foram agrupadas em quatro grandes temas: 1) Abandono do tratamento por questões intrínsecas à pessoa vivendo com HIV; 2) Abandono do tratamento por questões ligadas à terapia medicamentosa; 3) Abandono do tratamento por dogmas sociais; 4) Forças propulsoras para a retomada do tratamento. Considerações finais: A análise qualitativa das representações sociais das pessoas vivendo com HIV indicou que o abandono da terapia antirretroviral é multifatorial, e envolve questões socioculturais, geográficas, familiares e biológicas. É essencial considerar todas as questões que permeiam e impactam as vidas das pessoas vivendo com HIV em abandono do tratamento para além das questões biológicas, viabilizando a implementação de ações que contribuam para a efetividade das políticas públicas de saúde no intuito de estimular a adesão e encorajar a retomada ao tratamento. Almeja-se que esta investigação possa despertar para as questões subjetivas ao universo da pessoa que vive com HIV e estas respeitadas na prática humanizada, voltadas ao incentivo do tratamento contínuo para controle da infecção e promoção da qualidade de vida.


Introduction: The continuous use of antiretroviral therapy is efficient to interrupt viral replication caused by the Human Immunodeficiency Virus, preventing the compromise of the immune system and the appearance of opportunistic infections. It is estimated that in 2021, 10.2 million people infected with HIV did not benefit from the use of antiretrovirals worldwide. In the same year, this indicator reached 333,000 people, and at the municipal level of Londrina, 288 people living with HIV were abandoning treatment. Objective: To apprehend the social representations of people living with HIV about abandoning treatment and the motivation for resuming it. Methodological path: This is a qualitative study based on Serge Moscovici's Theory of Social Representations. The setting was a Specialized Care Service for HIV/AIDS located in the south of Brazil. The population consisted of 288 people diagnosed with HIV who had abandoned treatment for more than 100 days. Of these, 250 were excluded due to criteria related to incomplete or wrong registration information, and aspects that impeded attendance at the service and contact. Another 18 people were considered dropout losses. The sample consisted of 20 people who met the eligibility criteria and agreed to participate in the study. Data collection took place between June 2021 and June 2022 in semi-structured interviews that were audio-recorded and transcribed in full. For the analysis of the speeches, the collective subject discourse was used. Results: 20 people living with HIV participated in the study, 12 men and eight women, aged between 27 and 55 years. The abandonment time varied between 210 and 1580 days. The analysis of the interviews allowed the emergence of 18 central ideas and two anchors, which were grouped into four major themes: 1) Abandonment of treatment due to issues intrinsic to the person living with HIV; 2) Abandonment of treatment due to issues related to drug therapy; 3) Abandonment of treatment by social dogmas; 4) Driving forces for the resumption of treatment. Final considerations: The qualitative analysis of the social representations of people living with HIV indicated that the abandonment of antiretroviral therapy is multifactorial, and involves sociocultural, geographic, family and biological issues. It is essential to consider all the issues that permeate and impact the lives of people living with HIV who abandon treatment in addition to biological issues, enabling the implementation of actions that contribute to the effectiveness of public health policies in order to stimulate adherence and encourage resumption of treatment. It is hoped that this investigation may awaken to the subjective issues of the universe of the person living with HIV and these respected in humanized practice, aimed at encouraging continuous treatment to control the infection and promote quality of life.


Introducción: El uso continuo de la terapia antirretroviral es eficaz para interrumpir la replicación viral provocada por el Virus de la Inmunodeficiencia Humana, previniendo el compromiso del sistema inmunológico y la aparición de infecciones oportunistas. Se estima que en 2021, 10,2 millones de personas infectadas por el VIH no se beneficiaron del uso de antirretrovirales en todo el mundo. En el mismo año, este indicador alcanzó a 333.000 personas, ya nivel municipal de Londrina, 288 personas viviendo con VIH estaban abandonando el tratamiento. Objetivo: Aprehender las representaciones sociales de personas viviendo con VIH sobre el abandono del tratamiento y la motivación para retomarlo. Camino metodológico: Se trata de un estudio cualitativo basado en la Teoría de las Representaciones Sociales de Serge Moscovici. El escenario fue un Servicio de Atención Especializada en VIH/SIDA ubicado en el sur de Brasil. La población estuvo conformada por 288 personas diagnosticadas con VIH que habían abandonado el tratamiento por más de 100 días. De estos, 250 fueron excluidos por criterios relacionados con información de registro incompleta o incorrecta, y aspectos que impidieron la asistencia al servicio y contacto. Otras 18 personas fueron consideradas pérdidas por deserción. La muestra estuvo conformada por 20 personas que cumplieron con los criterios de elegibilidad y aceptaron participar en el estudio. La recolección de datos ocurrió entre junio de 2021 y junio de 2022 en entrevistas semiestructuradas que fueron grabadas en audio y transcritas en su totalidad. Para el análisis de los discursos se utilizó el discurso del sujeto colectivo. Resultados: Participaron del estudio 20 personas viviendo con VIH, 12 hombres y ocho mujeres, con edades entre 27 y 55 años. El tiempo de abandono varió entre 210 y 1580 días. El análisis de las entrevistas permitió el surgimiento de 18 ideas centrales y dos anclas, que fueron agrupadas en cuatro grandes temas: 1) Abandono del tratamiento por cuestiones intrínsecas a la persona que vive con VIH; 2) Abandono del tratamiento por cuestiones relacionadas con la farmacoterapia; 3) Abandono de tratamiento por dogmas sociales; 4) Fuerzas impulsoras de la reanudación del tratamiento. Consideraciones finales: El análisis cualitativo de las representaciones sociales de las personas viviendo con VIH indicó que el abandono de la terapia antirretroviral es multifactorial, e involucra cuestiones socioculturales, geográficas, familiares y biológicas. Es fundamental considerar todas las cuestiones que permean e impactan la vida de las personas que viven con el VIH que abandonan el tratamiento además de las cuestiones biológicas, posibilitando la implementación de acciones que contribuyan a la efectividad de las políticas públicas de salud para estimular la adherencia y alentar la reanudación. De tratamiento se espera que esta investigación pueda despertar a las cuestiones subjetivas del universo de la persona que vive con VIH y estas respetadas en la práctica humanizada, con el objetivo de incentivar el tratamiento continuo para el control de la infección y promover la calidad de vida.

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